terça-feira, 24 de junho de 2008

O tango retorna às pistas



O audacioso trio formado por Phillippe Cohen Solal, Christoph Müller e Eduardo Makaroff debutou no cenário musical europeu com o espetacular álbum “La revancha del tango”, lançado em 2001. O projeto ganhou fama ao adicionar pitadas precisas de música eletrônica e elementos acústicos ao gênero musical argentino.

O Gotan Project tem seu nome originado da palavra “tango”, ritmo que o grupo dá novas roupagens e características sonoras. Curiosamente, apesar do gosto em comum pelas misturas musicais, os três integrantes do projeto são de países diferentes: Solal é francês, Müller é suíço, e Makaroff é argentino.

O projeto deu seus primeiros passos em Paris, no final da década de 90. Solal, DJ e até então produtor musical da gravadora “Ya Basta!”, e Müller, que fez parte de famosos grupos de techno na Suíça, se juntaram para mesclar suas paixões pela música eletrônica e latina.

Eduardo Makaroff, exilado na França por causa da ditadura militar argentina, chegou para formar o trio. A entrada do violonista, que fez parte de grupos como o “Tango Mango” e chefiou a orquestra “Club de Tango de la Coupole” foi essencial para dar consistência latina à música do Gotan Project.

O projeto tinha como objetivo principal unir de maneira elegante e sofisticada os traços orgânicos do tango com texturas eletrônicas como o “hip-hop” e o “dub” misturados com instrumentos acústicos, como o bandoneón e o violão. E seu êxito pode ser confirmado pelo sucesso mundial do Gotan Project.

Seu primeiro EP, “El capitalismo Foranero / Volvo al Sur” foi lançado pela gravadora “Ya Basta!” em 2000, e teve uma tiragem de apenas mil exemplares. Os integrantes esperavam uma venda de aproximadamente 200 discos. Porém suas músicas atingiram em meses às paradas européias. O primeiro cd, “La revancha del tango”, que ganhou o World Music Awards em 2003, vendeu cerca de duas milhões de cópias. Totalizando com as vendas da última obra lançada, “Lunático”, o Gotan Project já vendeu mais de dois milhões de exemplares em sua carreira até então.

A sonoridade do Gotan está nitidamente ligada ao som de Astor Piazzolla, que fez o tango se tornar mundialmente conhecido na década de 60 ao combinar seu bandoneón com elementos do jazz clássico.

O grupo também é fortemente influenciado pelo cinema. Antes de desenvolver o Gotan, Solal supervisionou a parte musical de obras de famosos diretores, como Bertrand Tavernier e Lars Von Trier, em “Europa”. Tal aspecto cinematográfico no trabalho do grupo se torna visível em seus shows, que contam com a presença de um VJ que mixa imagens modernas e antigas (em preto-e-branco) para rimar com a característica dramática do tango. Para encorpar sua música, o Gotan Project utiliza outros músicos em suas gravações e shows. Convocados pelo trio, o percussionista Edi Tomasi, o acordeonista Nini Flores, o tecladista Gustavo Beytelmann e a cantora espanhola Cristina Villalonga dão alma ao som do grupo.

O grupo já veio ao Brasil três vezes. A primeira apresentação foi no Rio de Janeiro, no Tim Festival, em 2003. O retorno aconteceu quatro anos depois, em uma mini turnê que abrangeu o Rio novamente, São Paulo e Brasília, em junho de 2007. O apelo dos fãs foi tão grande que o trio retornou ao país ainda em setembro do ano passado.



Gotan Project - Diferente

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